quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Das músicas que entram pelos ouvidos, mas tocam a alma.



“Só que você sai em desvantagem se você não tem fé.”*

Para ler ao som de Anjos (para quem tem fé)

Fé, esperança, tem momentos em que as únicas definições que você encontra para sua vida são essas.

Até o mais irremediável otimista tem seus dias de descrença, e só quem já viu-se completamente descrente em relação a tudo e a todos sabe como isso é assustador.

Mas algumas vezes, se você olhar uma segunda vez, fixar bem o olhar, ou apenas prestar atenção na música que o rádio não para de tocar, você vai perceber: “você sai em desvantagem se você não tem fé”.

E então a escolha passa a ser sua, porque o universo se encarrega de mostrar: o que move esse mundo, além da nossa força de vontade e atitude é a fé.

Ter fé, talvez seja o que nos dê coragem suficiente pra assumir riscos e ir atrás daquilo que queremos.

É muito fácil ser apenas mais um, é aconchegante se manter no conhecido, até porque, pioneirismo cobra seu (alto) preço, mas rodopiar de olhos fechados sem calcular a altura é muito mais emocionante e satisfatório, isso eu te garanto.

Carma, lei do retorno, ou simplesmente: fé, que todos sabem: não se explica.

Um dia melhor, uma oportunidade maior, todos os dias a chance de algo novo e bom acontecer, pra quem tem fé o céu é o limite e como diz a canção: “a vida não tem fim”.

Pessoas decepcionam, trabalhos muitas vezes são chatos, ou te pagam mal, você não consegue diminuir os ponteiros da balança, a conta bancária vive no vermelho, o filho tá doente, teu carro estragou, a notícia da morte daquela pessoa tão querida, que te acerta direto no queixo e quase te derruba.

Como sobreviver a tudo isso sem a fé de um novo amanhecer, uma nova oportunidade, um dia melhor?

Ai vai a minha dica: mantenha sua fé, e volte a brilhar.

Correr riscos para concretizar nossas metas é saber fazer escolhas e quisera eu, que todas elas implicassem apenas ganhos, mas aprendi desde sempre que nada na vida é assim, e são justamente os dias de frustração que dão sentido aos dias de alegria, então por pior que esteja o dia hoje, FÉ!

Amanhã é um dia novo e tudo que você quer pode acontecer.

Medos, inseguranças e frustrações estarão sempre nos acompanhando, é escolha de cada um não fazer deles roteiro para a vida, porque a vida sempre nos dá oportunidades para que possamos superar essas coisas.

Pensamentos positivos atraem coisas positivas, você atrai aquilo que transmite, sim, simples assim (e pra mim sempre funcionou).

Fé, palavra linda de dizer e muito mais linda de sentir. Mantenha a sua.

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*Porque essa música me inspira fé e me lembra da força que eu tenho guardada aqui dentro e ninguém pode tirá-la de mim, porque por várias vezes, me senti o ser mais miserável e pequeno do mundo e essa música entrou pelos meus ouvidos e tocou a minha alma.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Das ausências que são amargas

Ontem pensei em você o dia inteiro, e não que eu não pense todos os dias, mas me assusto quando a tua imagem me acompanha o tempo todo, mesmo depois de ter se passado quase uma vida inteira.
Andei procurando vestígios de você na internet, em dois minutos tinha uma foto sua salva no meu celular,  ver teu sorriso sincero e distante me dilacerou o coração.
Paro no semáforo, vejo teus olhos no motorista do carro atrás de mim. Talvez eu esteja enlouquecendo. No rádio Nando Reis: "Agora eu sei que até mesmo um grande amor pode não bastar, aprendi com você que no dia a dia um grande amor abrange sonho e vida real".
Nando Reis, cala a boca por favor.  
Talvez esse tenha sido o aprendizado mais sofrido de toda minha vida: Amar não é tudo.
-A gente precisa estudar, trabalhar, cuidar da família, pensar no que é melhor para quem está ao nosso redor, amor? Se der a gente ama, senão, foda-se o amor.
Mas em alguns dias o amor resolve questionar essas  escolhas, então quando você menos espera ele vem e te dá um jab no queixo, faz o teu mundo girar, e quando você  tenta se recuperar  ele ataca novamente, dessa vez com um mata leão, te sufoca e  por muito pouco não te leva a nocaute.
Eu nem sei quando aconteceu, mas me tornei uma dessas pessoas que respiram pressa cotidiana, sempre muito ocupada, sempre correndo, - sempre fugindo -  mas se eu tirar um cochilo de quinze minutos  dentro do carro, no estacionamento da faculdade, e eu tiver um sonho, será com você. Ontem foi assim, e não bastasse você aparecer no meu cochilo da tarde,  a noite eu sonhei com o sonho do sonho. Talvez eu esteja enlouquecendo(2).
Nos sonhos você sempre aparece sorrindo pra mim. E veja você, sou dessas pessoas bobinhas que acreditam naquela historia de que quando você sonha com alguém é porque a alma dessa pessoa veio visitar a sua.
Será, será, será?
Tua foto no celular, não reconheço mais o teu olhar. E pensar que eu já habitei seus olhos.  Quanto nada é preciso até se preencher todo um vazio?
"Quem desejaria que outro alguém além do seu amor pra sua dor fosse remédio?"
Sujeito insistente o tal do Nando Reis.
"Eu quero te dizer que mudei"
Lembra quando eu te dizia que se um dia tudo acabasse e restassem apenas dúvidas, eu talvez jamais fosse capaz de amar outra vez? Maldita profecia.
Gostaria de me encher de uma rebeldia que não tenho, te procurar, gritar, te fazer me dizer:
Foi tudo mentira? Você pensa em mim? Você também sonha comigo?
Isso bastaria, não precisa me ver, não precisa me ligar, não precisa nem me amar, basta apenas que me liberte desse amor que meu coração burro insiste em manter cativo. Me diga que foi verdade, e então talvez eu possa acreditar que um dia poderá acontecer outra vez em outra vida, outro lugar com outra pessoa.
Talvez até você me deva isso, porque mudou minha vida pra sempre, muito embora talvez nem se dê conta disso, e também porque está de posse de um espaço que é meu.
CACETE!
Dá pra apenas me devolver a parte de mim que você levou quando foi embora?
Sinto sua falta todos os dias da minha vida, em alguns dias  essa falta se fantasia de lágrimas e escorre pelos meus olhos.
SINTO SUA FALTA. Não há explicações.
Nando Reis finalmente calou a boca, em seu lugar tem alguém cantando que "Depois de você os outros são os outros e só",  de uma forma triste, concluo que não, não são os outros e só: Depois de você, eu sou outra. E só.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Das tristezas


Não sei ao certo dizer a razão, mas meu coração tem batido triste.
Já faz algum tempo que a tristeza vinha até aqui, batia na porta mas acabava virando as costas e indo embora porque eu não deixava ela entrar. Não sei dizer o que houve, apenas que é tudo muito triste.

Estou triste por mim, pelo fardo que é tentar ser forte o tempo todo, pelos tantos e tão constantes fantasmas que amedrontam minha alma e meu coração.Triste pela vergonha de se saber ingrata para tantas coisas, por não ser mais capaz de sentir e viver sem o condicionante “SE“, por essa eterna dicotomia coração X razão  que me consome e me impede de ver a beleza que há ao meu redor.

Estou triste por sentir-me inútil, pequena e perdida, por perceber que a cada abismo superado, fico mais incrédula com meus sonhos, comigo, e principalmente com as pessoas.

Estou triste por não ser mais capaz de dar e receber afeto sem questionamentos, por não duvidar tanto da sinceridade do outro, por sempre preferir dar ouvidos às minhas neuroses.

Será isso a vida? Tantas impossibilidades. É só isso mesmo?

Grandes alegrias e grandes tristezas, tudo sempre muito grande, essa sou eu. Nem nunca fiz ideia de como é viver de maneira diferente. Essa eterna roda gigante que não desliga nunca, nem pra manutenção.

Estou cansada, vazia e talvez inerte em um lugar de onde já gostaria de ter saído. É tudo extremamente previsível e nem por isso dói menos.

Estou triste e me deixei chorar, me entreguei a essa tristeza que me torna miserável, porque talvez, são de lágrimas que as coisas bonitas da vida necessitem para que possam brotar. 

É, talvez logo eu renasça e fique inteira de novo. É sim.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Das cartas não enviadas - Sobre porquês



Já faz dias que eu queria escrever algumas coisas para você.  Ou sobre você, ou sobre nós. 
Não sei bem.
Queria te contar, com uma sinceridade tirada nem sei de onde, que quando você chegou, eu nem prestei muita atenção em você.
Você era apenas o menino que curtia rock e não tinha espaço de sobra no coração para nenhuma menina que curtia MPB. E eu era apenas a menina que curtia MPB e que tinha essas teses malucas de pessoas que entram na nossa vida num espaço extremamente finito, mas criam infinitos.
Mas então, num desses jogos de dados que os deuses têm, acharam por bem sugerir ao destino nos colocar frente a frente.
Conversamos por meia hora e... Puxa!
Eu olhei pra você com olhos de fazer fotografia, bem do jeito que diz aquela canção. 

Faltou ar.

Vi esse ser desapegado, insaciável e que desacelerou esse meu ritmo, sempre tão na voltagem errada, você chegou e desconstruiu minhas certezas, me jogou no que eu ainda não sei se é um labirinto ou uma roda gigante, me provocou o corpo, o intelecto e quando dei por mim estava até o pescoço nessa história, em você.
Mas a vida tropeça, os tempos são difíceis e as roupas sociais nos esmagam, então eu tenho vontade de correr, fugir, porque não sei amar assim tão devagarinho, não entendo nada de amor, e for desses amores de eterno além então, sou um completo desastre.
Você chega e me diz: eu também tenho medo, deixa eu te ensinar uma verdade: todos os labirintos tem saída, ademais, o segredo talvez seja começar pela saída e fazer o caminho inverso.
Então eu desisto de desistir e paradoxalmente, penso que juntos, ainda que dessa nossa maneira estranha, vamos bem e estou num ponto que me sinto tão presa e dentro dessa história que já nem lembro mais como eu era antes de você, e muito menos como as coisas serão se eu ficar.
Com você perco a noção de certo e errado, perco a noção, tanto, que paro e me pergunto o que sou pra você, além da menina que gosta de MPB e tem teses malucas, aí eu penso que eu sou só isso mesmo, e a pergunta martela feito música chicletes: O que eu represento? O que eu represento? O que eu represento?
Do menino que curtia rock e não tinha espaço no coração ao meu eterno amor de além.
Porque o certo é errado e o errado e certo ou porque perdemos qualquer resquício de lógica que um dia existiu nessa história ou porque nem uma história é ou porque certeza mesmo é só que você descontrói todas as minhas certezas ou porque talvez você ainda seja a única pessoa capaz de deixar apenas uma certeza intacta: a de que estou viva, ou porque esse é o labirinto.

-Pensa que louco, um labirinto formado de porquês.

Mas me entrego, porque dentro da nossa finitude, você é o maior infinito que eu já vivi. Porque você  é meu desejo inflamável e eu ainda não acendi o fogo. Porque você me faz sentir viva. Porque você é o único que faz eu me sentir forte e corajosa o suficiente para me atirar de cabeça nessa história maluca que mais parece uma aventura suicida. Porque eu sei que se ficar, o preço a pagar é a minha sanidade, mas se for embora, o preço é o mesmo, e nem dá pra parcelar a conta.
Ou porque simplesmente já faz muito tempo de que você me convenceu de que não dá pra amar alguém e achar que vai sair barato. Nunca sai.
Você por fim, não é uma exceção.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Daquilo que eu quero (e não consigo)


Queria me enjoar de você. Queria que você usasse um perfume barato que eu odiasse sentir. Queria que você não fosse a única coisa a entrar nos meus sonhos, sempre tão vazios desde que o Rivotril veio passar as noites comigo.

Queria me enjoar de você. Queria não ter tua gargalhada sonora em função dos meus constantes modos desastrados gravados lá no fundo do meu cérebro, como uma melodia que a gente escuta mil vezes e quer escutar outras mil.

Queria me enjoar de você. Queria não suportar essa sua mania de criar conversas cognitivas que só fazem sentido para nós dois e que me deixam toda vulnerável, rendida e entregue.
Queria me enjoar de você. Queria que teu riso não me fizesse rir também. Queria ignorar essa luz que bate em seus olhos quando você chega, que reflete em mim e me ilumina por dentro.
Queria me enjoar de você. Queria manter nossos corpos distantes, te expulsar da minha vida, esquecer que nossa ligação transcende toda e qualquer lógica, queria romper os laços da nossa alma.
Queria me enjoar de você. Queria não ter esse olhar carinhoso e terno pra você, que nem palavra precisa para que se desvende, queria não notar tua delicadeza e doçura que me fisgam e me fazem refém.
Queria me enjoar de você. Queria que essa certeza precisa e dolorosa de que as coisas verdadeiras cobram seu preço -e ainda não pagamos o nosso, fosse embora daqui.

Queria me enjoar de você. Queria que o céu fosse menos azul quando estou do seu lado e queria perder essa sensação de que quando você for embora, invariavelmente, levará metade de mim junto.
Queria me enjoar de você. Queria que essa fome não alimentada de você não doesse tanto. Queria que você saísse da minha lista de vontades não realizadas.
Queria me enjoar de você. É, queria. Mas não consigo.


Texto baseado na música Queria me enjoar de você

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

(des) conexão

Se beber esqueça o telefone, não envie mensagens e nem pense em whats app.
É o que todos dizem. ignoro o celular. minha cabeça não sai de você. depois de um ano resolvi beber. sinto dores de perda. ninguém gosta de perder. nada. mais uma sexta-feira sem te ver. Frejat no rádio. que você tenha a quem amar. tequila para encerrar a semana. que eu gostaria de apagar. boa noite. -boa noite. sinto sua falta. eu também. já concordamos. mil vezes. nossa história é para a próxima vida. já voltamos atrás. outras mil. ponto de não retorno. nossos corpos não tiveram coragem de cruzá-lo. meu coração nem lembra onde ficou. não sei do que escrevo. talvez seja o álcool. bebi porque estou triste. estou triste porque bebi. dúvidas. sexta-feira é o pior dia sem você. idem. três da manhã. partilhamos a insônia. whats app. fotos da minha vida. sem você. fiz um sexo incrível hoje a tarde. pensando em você. que é dono da minha alma e nunca tocou meu corpo. desejo inflamável. não acendemos o fogo. respondo aos Beatles. pessoas solitárias vem de amores impossíveis. e textos bregas de altas doses de álcool. momento propício. relações que patinam. a distância de quem está perto. a qualquer momento tudo pode acabar. inclusive o porre que dita essas linhas. amores roubados. é tudo o que tenho a relatar.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Solidão a dois - Das cartas não enviadas

- Eu sinto sua falta.
- Como você sente minha falta se eu estou ao seu lado todos os dias?
- Essa não é você. Não a"minha você".
É uma estranha que não se parece em nada com a minha menina doce.

Eu quis meu bem, eu juro que nessa hora quis abrir meu coração, te dar um abraço bem forte, e grande, daqueles que cabem o mundo dentro. Sentar no seu colo e te dizer que está tudo bem, sua menina está aqui, com todo amor e carinho que ela lhe tem e que sempre te fez tão bem.
Mas eu não pude. Eu não posso.
Como te explicar que tem coisas na vida que não podem ser unilaterais?
Durante tanto tempo venho aceitando isso: dar tudo de mim e aceitar em troca só o pouco que você está disposto a me dar. 
É bem triste pensar que houve um tempo em que me bastou, me satisfez.  Imensamente feliz com ninharia.
Eu gostava verdadeiramente de nossas tardes risonhas, preenchida com conversa boa e boba jogada fora. Do gosto bom da descoberta. De saber-te tão igual a mim em tantas coisas, das risadas sinceras, de te contar das minhas dores, dos meus amores e de ouvir dos caminhos por onde você andou, de quanto a vida também já te feriu.
Gostava de te paparicar, te mimar, que eu sou assim mesmo, uma menina que gosta de cuidar, mesmo que fosse comprando aquela bala que você gosta só pra você ter certeza que lembrei de você quando estávamos longe. Eu te cuidava por (te) gostar, simples assim.
Mas então, chegou o dia que quem precisou de cuidados fui eu. Tão cansada, tão frustrada, tão pequena. Você não me cuidou, aliás, você nem notou, tão acostumado a me ver feliz com tuas migalhas. Você, um menino tão sensível, como pode não notar que eu andava também toda sensível?
Foi patética a coisa toda,  e eu de repente me dando conta que durante esse tempo todo vivi do sozinha o que era pra ser nós. Consegue imaginar o quão frustrante e dolorido isso pode ser?
Você nunca me viu de verdade, e sei que tenho minha parcela de culpa nisso, porque aceitei e engoli todos os seus cancelamentos de ultima hora, todas as suas desculpas esfarrapadas e todas as vezes que meus olhos te pediam "me ame", aceitei como resposta os seus me dizendo "hoje não dá, amanhã quem sabe". 
Você fez comigo unicamente o que eu deixei que você fizesse e hoje, me odeio por isso.
Tanto tempo a base de migalhas, estou desnutrida,  esquálida,  não tenho mais o que lhe oferecer. Não, sem que faça falta pra mim. E é por isso querido, só por isso, que não posso  abrir meu coração, te dar um abraço bem forte, e grande, daqueles que cabem o mundo dentro, sentar no seu colo e te dizer que está tudo bem.
Embora o ouvido do seu coração esteja surdo as gritantes batidas do meu, os meus olhos já não estão assim, tão cegos para você, sua menina doce, azedou.
É que eu não sou uma qualquer, meu benzinho. Nem mesmo pra você. Nem mesmo pra você.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Sobre o amor que acabou, mas não termina

-E fulano, como anda?
Falei querendo parecer blasé, como se falasse do clima de Curitiba, sempre tão inconstante, ou mesmo do preço do tomate, que outra vez anda nas alturas.
Bobagem. 
Meu coração acelerou, se prestasse atenção, o interlocutor talvez até notasse a minha voz um pouco tremida, porque sim, eu quero muito saber de você.
Quero saber o que anda fazendo, se tem novos amores, se está feliz, se sente minha falta, se você me reconheceria ao me encontrar no shopping, aliás, se você ainda odeia shoppings, e se você ainda toma café só com metade do pacote de açúcar, porque toda vez que eu peço adoçante, ao invés de açúcar eu me lembro de que tirava sarro de você, que largava pacotes de açúcar pela metade.
Mas me dizem pouco de você, você emagreceu um bocado, tem a mesma rotina instável, e eu me seguro pra perguntar do seu cheiro, se quando você chega o seu cheiro ainda se espalha pelo andar inteiro, estou até meio desligada quando a informação que eu queria chega:
-apareça visita-lo, ele anda triste, desde que você se foi, ele nunca mais foi o mesmo.
Respiro fundo.
E respiro de novo. 
Ajo como se fosse um assunto enfadonho, que sequer merecesse minha atenção. 
Respiro outra vez, porque sinto a cabeça rodando. 
E então procuro me ater a realidade, nós dois já somos passado, já não há aquela querência desmedida e aquela urgência pelo seu corpo, e talvez eu só sinta tanto a sua falta porque me habituei a ter você na minha vida -e como bem se sabe, alguns hábitos nos dominam tanto que parecem estar grudados nas nossas vísceras.
Hoje você é essa amizade cheia de formalidades e dedos, feita de ligações nos aniversários e no final de ano. Triste. 
Você que foi tanto na minha vida, que teve mais espaço no meu coração do que um dia eu pensei em autorizar, virou essa tristeza que me bate quando ouço de você e da sua vida por bocas alheias.
Talvez eu nem queira muito mais do que isso, talvez eu queira que essa história que me consumiu e me doeu por tanto tempo, apenas tenha um ponto final. Ou quem sabe apenas saber que eu ainda tenha um pedaço meu dentro de você, como você tem (e talvez sempre terá) aqui em mim. Ou ter a certeza que eu ainda apareço nos seus pensamentos –ainda que contra sua vontade. Ou conseguir de uma vez por todas fazer desse amontoado de lembranças perfuro cortantes algo bonito, apesar da dor e dos desencontros. Deixar que você se vá, para então falar de você como quem fala da alta da gasolina e do feijão. É, é isso.
-Bom saber que estão todos bem, mande lembranças. Pois é, uma loucura esse tempo, nem me fale de preço, nossa um absurdo...

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Paradoxais

"Eu gosto de ficar só, mas gosto mais de você."*

Ele acha extremamente sexy a minha calça social preta, mas questiona a necessidade de sair vestida como uma perfeita perigueti. Meu desgaste começa quando tento explicar que uma calça social preta não tem nada de sexy pra maioria dos homens, e que o casaco azul turquesa só chama tanta atenção porque minha pele é branca feito sei lá o quê. Ele não entende. Não aceita. Resolve implicar com o perfume, com o brinco, com o que puder.
Ele tem  uma atração ímpar pelo meu celular. Todos os dias, o tempo todo, quando vejo lá está ele fuçando e revirando meus SMS'S, whats app, ligações, bate papo do facebook,  e toda essa parafernália de comunicação que eu tenho.  T-U-D-O, tudinho.
O amor dele alimenta-se de paranóia. Consome-se em ciúmes. Autofagista.
Ele sente desconforto com todos meus amigos, não consegue entender como tenho paciência pra tanta socialização, e acha que todo amigo esconde um potencial amante-casinho-ficante. Na cabeça dele já dei pra todos, ou tenho pretensão de dar. Pura insegurança.
Reclama do tempo que eu perco na internet, e também reclama do tempo em que eu me perco em meus livros, reclama das minhas pinturas, e de tudo que eu faço e que não o inclui.
Disse que sou dessas pessoas que não faz sentido algum, que emano alegria e alto astral mas tenho essa maldita obsessão por tudo que é triste e melancólico. E que isso confunde-o mais do que poderia admitir vindo de uma mulher. Se irrita com minhas músicas tristes, meus filmes tristes, e recusa-se a me dar amor se eu estiver triste, tamanha repulsa sente pela tristeza.
Fez cena quando me disse algo sobre nosso caso e eu de pronto rebati que não pode de forma alguma ser um caso, já que não existe os elementos mínimos necessários, incluindo sexo habitual. Ficou magoadinho, disse que as coisas não são bem assim, que eu vivo cortando-o, e que se eu quiser o outro lado do rosto dele pra bater, está todo a minha disposição.
Dia desses me disse que exalo sensualidade por todos os poros, e que isso o excita, e que também o enlouquece. Que tem ganas de terminar tudo cada vez que imagina eu sorrindo, sensual, feliz, para outro. E que então ele lembra que foi esse mesmo sorriso que o conquistou e lembra-se da menina de cabelos esvoaçantes, saias longas e riso largo que eu fui um dia. A menina a quem ele aprendeu amar, primeiro como amiga, depois como mulher. A vontade de terminar termina, nós não.
Ele é meu maior stalker, e eu não to nem aí pra isso. Não que não esteja para ele. É justamente o oposto. Enquanto ele perde tempo alimentando as paranóias eu passo meu tempo tentando manter a sanidade e os muros que me protegem.
 Ele acha que eu não sinto ciúmes, mas não faz ideia do tamanho do orgulho que existe aqui dentro e me impede de admitir que sim, eu sinto, e é muito. Quando me canso de seus surtos eu digo que não o quero mais, caio na esbórnia pagando de super bem resolvida, "não quer tem quem queira, além de que, a fila anda benzinho". Balela. Não nasci com vocação pra ser biscate. E além de tudo, embora às vezes seja o que mais quero, não sei mais viver sem ele. Dançaria tango no teto se assim ele me pedisse. Tudo que faço é para mantê-lo aqui. Se ele souber o quanto lhe quero, deixará de me querer. Game over jogo de sedução, the end  jogo da conquista. E eu, viciada nesses jogos, gosto o suficiente pra não deixa-los terminar.
Tivesse eu menos orgulho, diria a ele que seu cheiro me põe louca, que o gosto do beijo dele é único, que cada vez que ele passa pela porta, meu coração quase pula pela boca e que o tanto que eu nego meu amor por ele é o tamanho do amor que sinto.
Tivesse ele mais equilíbrio, me pediria pra ser menos expansiva, acalmar suas inseguranças e fazê-lo sentir-se amado e só. Tudo extremamente simples. Talvez tivéssemos, teríamos tido.
Ele tem razão quando diz que não preciso dele pra viver. Eu não preciso. O que ele ainda não descobriu, é que embora eu não precise, é o que eu mais quero.
 
*Trecho da música Sem você - Arnaldo Antunes

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Das coisas que precisam morrer




Quis então, como nunca antes quisera, que se fechasse a conta.
Passar a régua, ponto final, nada dessa chateação de reticências eternas.

Eis um segredo para a vida: pra continuar vivo, precisamos morrer. Morrer aos poucos, morrer em pedaços, morrer daquilo que sente, morrer de algumas pessoas, morrer das dores, morrer das impossibilidades, morrer do que já não serve mais, morrer e enterrar, encarar o luto e seguir em frente.

Ela sabia que no inverno as pessoas ficavam mais tristes.

Não, não se incomode. Isso acontece comigo de vez em quando, é que o tempo é um sujeitinho muito irônico, ele vem e muda o que considerávamos imutáveis sem pedir licença ou por favor. Tudo no susto. Ele passou por aqui e agora ando nua de certezas.

Ela sempre acreditou que as palavras ditas, ou aquelas ditas da pior maneira possível eram as que mais doíam, com surpresa, descobriu que o que mais dói é aquilo que não é dito.
Olhares silenciosos são assassinos soltos por aí e ninguém nem desconfia.

Sim, meu peito anda apertado de cansaços, tristezas e impossibilidades. Não sei como morrer para elas. Dói, dói sem pausas, dói desastrosamente.

Tinha dúvidas se ainda era capaz de renascer, queria voltar mas os pés lhe doíam e talvez já nem soubesse como, nem mesmo por quê.

Já morri incontáveis vezes, sei bem que dói de um tamanho que nem sei explicar, mas até hoje, eu sempre soube voltar.

Quis dar ouvidos a sabedoria popular: o que não tem respostas, respondido está.

-Garçom, fecha a conta da minha vida por favor?









FIM.









(Ou não)

quinta-feira, 12 de junho de 2014

O amor, esse filho da puta.



- Em nome de quê tudo isso?
Todas essas palavras, esses textos,
esses sentimentos, essa intensidade tamanha.
Para quê?
Silêncio...
- Me fale, quero saber vindo de você.
- Tire as conclusões que quiser.
- Quero ouvir saindo da sua boca.
- Eu, eu... Eu não sei.
Você sabe, apenas se recusa a admitir.
Todas as suas linhas, subliminarmente dizem que é em nome do amor.*

Talvez seja só isso mesmo. Quatro letras que definem a minha vida, minhas querências e carências, minhas tristezas e minha alegrias, minha capacidade absurda de estar no topo do mundo, feliz, e cinco minutos depois no mais profundo buraco da depressão. É o amor que me coloca em mundos tão diferentes, um todo feito de poesia e gosto bom de vida que é possível e outro todo de lágrimas e sabor de vinagre que de vez em quando só o amor é capaz de ter.
Esse mesmo amor que me faz rodopiar de olhos fechados no décimo quinto andar e ter aquela sensação única de estar viva é o mesmo que me atira desse décimo quinto andar direto para o purgatório.
Essas, talvez sejam a melhores explicações para essa minha vontade maluca de fugir correndo do amor: Eu tenho medo.
Além de tudo, sou péssima com essa coisa de baixar a guarda e deixar que o outro me veja assim, inteira, sem nem uma gota de faz de conta. Piora a situação se envolve deixar alguém entrar aqui do lado de dentro. Já aconteceu antes, e eu me machuquei. É uma dor que conheço bem, ela chega, invade, toma conta de tudo e não vai embora assim tão fácil. Eu já me machuquei bastante, é daí que ele vem, o medo.
Mas, contraditória que sou, enquanto minha vontade me manda correr e fugir pra bem longe, o meu coração, quase saindo pela boca, só sabe me fazer lembrar do abraço, da entrega, do sentimento bonito que nasce de instantes pequenos: o amor.
E eu não sei o que fazer. Eu não sei o que me permitir. Eu não sei nem o que sentir. A isso fico reduzida, um amontoado de dúvidas, confusões e impossibilidades. Coloco em dúvida a existência do amor, me dividido entre um talvez e uma tal vez.
Enquanto isso o amor me chama, atraente, de bracinhos abertos. Olho pra ele e quase me entrego, mas lembro de sua outra face e me inundo de uma certeza: as lágrimas que já derramei em nome do amor ainda não foram suficientes. Amor, esse filho da puta sedento.
É em nome dele, admito, pequena, rendida e com um pouco de pesar: todos esses sentimentos, esses textos, essa intensidade, eu e minha vida inteira. É sim, tudo em nome do amor, esse que é meu salvador ou minha completa total e completa destruição, ele e seus "nós", que me atam e geralmente são daqueles de marinheiro que é só com tempo, dedicação, perseverança e muita paciência é que desata. Enquanto não, desenrolo em palavras e mantenho guarda alta, nocaute, aqui não amor. 
Aqui não.