sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Das cartas não enviadas - Sobre porquês



Já faz dias que eu queria escrever algumas coisas para você.  Ou sobre você, ou sobre nós. 
Não sei bem.
Queria te contar, com uma sinceridade tirada nem sei de onde, que quando você chegou, eu nem prestei muita atenção em você.
Você era apenas o menino que curtia rock e não tinha espaço de sobra no coração para nenhuma menina que curtia MPB. E eu era apenas a menina que curtia MPB e que tinha essas teses malucas de pessoas que entram na nossa vida num espaço extremamente finito, mas criam infinitos.
Mas então, num desses jogos de dados que os deuses têm, acharam por bem sugerir ao destino nos colocar frente a frente.
Conversamos por meia hora e... Puxa!
Eu olhei pra você com olhos de fazer fotografia, bem do jeito que diz aquela canção. 

Faltou ar.

Vi esse ser desapegado, insaciável e que desacelerou esse meu ritmo, sempre tão na voltagem errada, você chegou e desconstruiu minhas certezas, me jogou no que eu ainda não sei se é um labirinto ou uma roda gigante, me provocou o corpo, o intelecto e quando dei por mim estava até o pescoço nessa história, em você.
Mas a vida tropeça, os tempos são difíceis e as roupas sociais nos esmagam, então eu tenho vontade de correr, fugir, porque não sei amar assim tão devagarinho, não entendo nada de amor, e for desses amores de eterno além então, sou um completo desastre.
Você chega e me diz: eu também tenho medo, deixa eu te ensinar uma verdade: todos os labirintos tem saída, ademais, o segredo talvez seja começar pela saída e fazer o caminho inverso.
Então eu desisto de desistir e paradoxalmente, penso que juntos, ainda que dessa nossa maneira estranha, vamos bem e estou num ponto que me sinto tão presa e dentro dessa história que já nem lembro mais como eu era antes de você, e muito menos como as coisas serão se eu ficar.
Com você perco a noção de certo e errado, perco a noção, tanto, que paro e me pergunto o que sou pra você, além da menina que gosta de MPB e tem teses malucas, aí eu penso que eu sou só isso mesmo, e a pergunta martela feito música chicletes: O que eu represento? O que eu represento? O que eu represento?
Do menino que curtia rock e não tinha espaço no coração ao meu eterno amor de além.
Porque o certo é errado e o errado e certo ou porque perdemos qualquer resquício de lógica que um dia existiu nessa história ou porque nem uma história é ou porque certeza mesmo é só que você descontrói todas as minhas certezas ou porque talvez você ainda seja a única pessoa capaz de deixar apenas uma certeza intacta: a de que estou viva, ou porque esse é o labirinto.

-Pensa que louco, um labirinto formado de porquês.

Mas me entrego, porque dentro da nossa finitude, você é o maior infinito que eu já vivi. Porque você  é meu desejo inflamável e eu ainda não acendi o fogo. Porque você me faz sentir viva. Porque você é o único que faz eu me sentir forte e corajosa o suficiente para me atirar de cabeça nessa história maluca que mais parece uma aventura suicida. Porque eu sei que se ficar, o preço a pagar é a minha sanidade, mas se for embora, o preço é o mesmo, e nem dá pra parcelar a conta.
Ou porque simplesmente já faz muito tempo de que você me convenceu de que não dá pra amar alguém e achar que vai sair barato. Nunca sai.
Você por fim, não é uma exceção.

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