segunda-feira, 29 de julho de 2013

Enfrente, ou em frente.




Depois de tantos dias com o frio intenso doendo-me em todos os duzentos e seis ossos, o dia amanheceu agradável.
Foi fácil sair da cama, meu cabelo estava bonito (e só quem é mulher sabe o quanto isso é relevante na vida de uma mulher), o sol me saudou de uma maneira espetacular, o transito estava tranquilo, minha música preferida tocou no rádio, sombra, rímel e blush: depois de tanto tempo andando de cara lavada como uma doente, as cores voltaram para o meu rosto.
Talvez fosse a primavera querendo invadir meus dias.
Talvez,
Mas não foi, eu não deixei: Minha maldita "metralhadora cheia de mágoas."
E então sou consumida pela certeza que nunca compreenderei esta vida que me convida a reverberar enquanto eu só sei minguar.
O espelho me mostra uma imagem agradável, mas só enxergo impossibilidades.
Talvez eu já não saiba viver.

Me vejo parada num lugar de onde já queria teria saído – sempre o mesmo novamente–
Previsibilidade e repetição nunca foram capazes de tornar uma dor menor.
Tristeza lânguida, peito apertado. Talvez eu tenha peso demais.
Coração não bate: espanca e eu peço baixinho: chega coração, chega!
Ele me desobedece e continua, contrariando as expectativas: eu continuo.

domingo, 21 de julho de 2013

Breve resumo de um (des)amor


"O que está perto de mais dos nossos olhos, é justamente aquilo que não conseguimos enxergar"*
E de repente essa situação de que de uma hora para outra fossemos estranhos um para o outro.
 
Abraços do tamanho do mundo, beijos com gosto de morango, nossas risadas cúmplices, tudo transformado em contatos reticentes.
 
Fui pra casa mais cedo, você estranhou.
 
Ameacei virar as costas e voltar para a rua, com o olhar te implorei para que me pedisse pra ficar, você até tentou, mas teu orgulho fez você se calar.
 
Fui para os lugares que não eram meus, para os braços daqueles que não eram você, para uma vida onde eu era qualquer coisa, menos eu.
 
Afastados.
Você deu nome a esse afastamento: twitter, facebook, whats app. Revidei e botei sobrenome: futebol até a madrugada, amiguinhas moderninhas, indiferença sobre tudo aquilo que me valia tanto.
 
Eu quis fugir de você, porque de repente a pessoa fantástica que me fazia andar nas nuvens tinha se transformado num pé no saco.
Eu, da delícia diária de andar nas nuvens, passei ao inferno cotidiano de pisar em ovos.
 
Nos descuidamos, nos maltratamos, e a cada encontro as palavras atiradas de um  lado ao outro sem nenhum cuidado apenas serviu para nos ferir ainda mais.
 
Será que nos tornamos um desses casais que não se amam mais e estão juntos apenas porque nenhum dos dois tem coragem de terminar?
 
- Eu não amo mais você.
 
Um misto de alivio e desespero, de novo as mesmas acusações, as mesmas (in)diferenças atiradas na cara um do outro.
 
- Eu não amo mais você.
 
Mas e quanto isso importa agora?
 
A-C-A-B-O-U
 
(se é verdade que não há nada no mundo mais lindo do que o amor, também é verdade que não existe nada que possa doer mais do que ele).
 
 
*Texto baseado no 9º episódio da série Do Amor - assista aqui!